13 de outubro de 2008

Cristovam Pavia morreu faz hoje 40 anos

Cristovam Pavia, pseudónimo literário de Francisco António Flores Bugalho morreu faz hoje 40 anos, em Lisboa. Tinha acabado de completar35 anos de idade pois nascera em Lisboa a 7 de Outubro de 1933.
Francisco António Flores Bugalho viria a revelar a seu valor intelectual no campo das letras, como poeta, assinando com o pseudónimo "Cristovam Pavia".
Tímido e introvertido por natureza, mas dotado desde novo de notável apetência para as coisas do espírito, era filho do Dr. Francisco José Lahmeyer Bugalho e de Guilhermina Mimoso Flores Bugalho, neto paterno de Francisco José Bugalho e de Sofia Lahmeyer Bugalho, e materno do Professor Doutor António Pereira Flores e de Cecília Baptista Mimoso Flores.
Recebeu o sacramento do baptismo na Igreja da Senhora da Luz, junto à quinta dos seus avós maternos, em Castelo de Vide, a 2 de Janeiro seguinte, ministrado pelo Padre Severino Dinis Porto, sendo seus padrinhos o avô materno e Maria Vicência Bugalho Mouta.
Licenciou-se em filologia Germânica na Faculdade de Letras de Lisboa, em 1955.
Cristovam Pavia publicou "Trinta e Cinco Poemas", o único livro de poemas em sua vida. Postumamente, por iniciativa da família e de amigos, foi publicado o volume "Poesia". © DSCordeiro/NCV
(Na foto: Cristovam Pavia à direita, acompanhado de Sebastião da Gama, à esquerda, e de José Régio, ao centro)
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REQUIEM
(ao menino morto, eu próprio)

A tarde declina com uma luz ténue.
Estou grave e calmo.
E não preciso de ninguém
Nem a luz da tarde me comove: entendo-a.
Até as imagens me são inúteis porque contemplo tudo.

Os ventos rodam, rodam, gemem e cantam
E voltam. São os mesmos.
Como os conheço desde a infância!
E a terra húmida das tapadas da quinta...
O estrume da égua morta quando eu tinha seis anos
Gira transparente nesta brisa fria...
(Na noite gotas de orvalho sumiam-se sob as folhas das ervas)
Oh, não há solidão, nas neblinas de inverno
Pela erma planí­cie...

E foi engano julgar-te morto e tão só nas tapadas em silêncio...

Agora sei que vives mais
Porque começo a sentir a tua presença, grande como o silêncio...
Já me não vem a vaga tristeza do teu chamamento longí­nquo
Já me confundo contigo.

Cristovam Pavia

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