29 de janeiro de 2009

Hasta pública no Tribunal de Castelo de Vide
não resolveu impasse no Golfe da Ammaia

O futuro do campo de golfe de Marvão (Portalegre), em processo de insolvência e em situação de abandono, continua indefinido, tendo decorrido, sem sucesso, uma hasta pública para apresentação de propostas de compra. Na hasta pública, que decorreu (ontem 28 de Janeiro) no Tribunal de Castelo de Vide, o valor de licitação para a globalidade dos bens a vender da insolvente Ammaia - Clube de Golfe de Marvão, S.A., situava-se nos dois milhões de euros, tendo sido apresentadas duas propostas.

Uma das propostas encontrava-se «em branco», segundo constatou a agência Lusa no local, e a outra, em nome da empresa The Edge Group, ligada ao empresário País do Amaral, continha um valor inferior ao lançado pelo administrador da insolvência.

Fonte judicial disse à Lusa que a proposta apresentada pela empresa de Pais do Amaral situou-se «um pouco acima dos 750 mil euros».

«Não foi efectuada a venda, em virtude da proposta apresentada não reunir as condições de venda publicitadas, seguindo-se agora os ulteriores termos processuais», revelou a mesma fonte.

Em declarações à Lusa, José Luís Pinto Basto, sócio de Pais do Amaral para os investimentos na área turística, escusou a confirmar o valor da proposta apresentada, mas reiterou o interesse do The Edge Group em adquirir o projecto de Marvão.

«Estamos aqui, mais uma vez, nesta hasta para demonstrar o nosso interesse em adquirir o golfe pelo seu valor justo e não pelo valor que estava em cima da mesa», disse.

Segundo Pinto Basto, a proposta foi apresentada «pelo valor actual» que a empresa atribui aos imóveis «no estado em que actualmente se encontram».

Luís Pinto Basto espera agora «manter conversações» com a comissão de credores para que, num futuro próximo, esta venha a decidir se «aceita ou não» as condições avançadas pela empresa The Edge Group.

De acordo com o sócio de Pais do Amaral, assim que a empresa termine o negócio com a comissão de credores, estão logo à partida projectadas «obras de recuperação» do campo de golfe, a continuação da obra do empreendimento e uma intervenção para melhorar o «enquadramento paisagístico» daquele conjunto.

A construção de um hotel com cerca de 100 quartos e a finalização do projecto de aldeamento turístico em redor do golfe é outra das metas que o grupo pretende atingir.

Para que isso aconteça, o Parque Natural da Serra de São Mamede, que classificou aquela área como «protegida», terá que, eventualmente, alterar o processo para que se concluam as obras.

Inaugurado em 1997, o campo de golfe situa-se no centro de uma moldura única em pleno coração do Parque Natural da Serra de São Mamede, tendo sido considerado em 2000 pela Federação Portuguesa de Golfe O Campo do Ano.

Ao abandono há alguns anos, costumando mesmo servir para as ovelhas pastarem, o golfe de Marvão e o empreendimento turístico Aldeia D'Azenha que lhe está adjacente, pertenceram numa fase inicial a Carlos Melancia, ex -governador de Macau.
Após a insolvência da empresa de Carlos Melancia (Bevide), pedida pela administração e posteriormente decretada pelo tribunal devido a dívidas a fornecedores e funcionários, surgiu no negócio o Grupo Hoteleiro Fernando Barata que adquiriu, em Abril de 2007, através da Solévora, os bens da Ammaia Clube de Golfe de Marvão, SA.

O mesmo grupo, que já tinha comprado o aldeamento turístico associado ao campo de golfe, a Aldeia d'Azenha, era um dos quatro sócios da Ammaia, integrada também pela empresa de Carlos Melancia.

A empresa de Fernando Barata saiu do projecto por incumprimento de prazos de pagamento à comissão de insolvência, tendo ainda perdido uma caução inicial de cerca de 400 mil euros.

Lusa/SOL

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