24 de abril de 2010

Mafalda Arnauth escreveu sobre Castelo de Vide

Regresso a este lugar com uma partilha já habitual no Fadiário, a dos passeios inesperados, dos lugares de encantar no nosso país, ou das descobertas a gravar na memória e que continuo a defender com o maior carinho.
Logo depois da Páscoa, o rumo foi até Castelo de Vide. Nada nos encanta mais do que apreciar um lugar onde o orgulho natural dos que aí moram que sente a cada esquina, em cada rua, no respeito ao legado e à herança quase milenar que aí encontramos. A “vilazinha medieval, cidadezinha moderna”, designações que podemos encontrar no próprio site de Castelo de Vide, assentam que nem uma luva. Tudo respira à antiguidade que nos marcou e à nossa história, mas tudo transmite respeito, cuidado com o património e dignidade. O Castelo é bem a referência maior, mas o passeio que fazemos até ele não é menos deslumbrante. As ruas que nos levam à praça central fazem antever esse encontro majestoso com a Sé do largo, nas suas flores coloridas e charmosas, nas varandas simplesmente românticas, no branco que FELIZMENTE ainda predomina no urbanismo que se quer harmonioso e esse passeio pacifica-nos com o que é nosso.
De Castelo de Vide ao Marvão, é quase um passo inevitável. E aqui, de forma ainda mais pessoal, confesso o deslumbramento total. Já aqui cantei e a sensação que me percorre, sempre que aqui regresso é a de harmonia total. Caminhar e simplesmente contemplar é um exercício por vezes difícil, para quem passa os dias num ritmo alucinado. Mas quando se consegue, sentimo-nos flutuar, entrar nos espaços e sermos parte deles.
Depois destes pontos de referência, o passeio prosseguiu em busca dos Menires perdidos e das Antas, monumentos megalíticos… e aqui recomenda-se vivamente que se façam acompanhar das melhores enciclopédias ambulantes possíveis: Amigos, dotados de Amor profundo à nossa História e que de cada ruína constroem um cenário que quase conseguimos rever por completo! Eu tive essa sorte e quando finalmente me deitei nos rochedos aquecidos pelo sol, inteiros, imponentes e majestosos, pude fazê-lo com a consciência do privilégio que é sentir-me rodeada de tamanha ancestralidade.
O regresso levou-nos a passar pelo Crato, Alter do chão, onde recomendo a visita à coudelaria e aos imperdíveis seres mais extraordinários do mundo: os cavalos! Habituados às visitas constantes, estes animais únicos aproximam-se confiantes e levam-nos a mergulhar nos olhos mais autênticos que já vi.
Finalmente, porque um passeio não se faz sem o devido” abastecimento”, recomendação à gastronomia ao mais alto nível do nosso país. Especial referência ao restaurante Sever, com uma cozinha impecável, de onde se vislumbra Marvão e ao restaurante Alpendre em Arraiolos, uma perfeita perdição de sabores, onde demos por encerrado o breve passeio. Da melhor forma garanto…
E recomendo!
quarta-feira, 21 de Abril de 2010 no seu blog http://mafaldarnauth.blogspot.com/ - Onde mora o que importa...

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