Quando soubemos da notícia da morte do Sr. Tavares foi com tristeza e aperto que a recebemos. É que conhecíamos e tínhamos amizade com este homem afável que durante muitos anos foi Guarda em Castelo de Vide.
Há já muito que o Sr. Tavares não estava bem e recentemente até teve de ser internado no Hospital de Portalegre. Aquando da alta e por falta de alternativas e razões familiares ainda foi para a região de Santarém, mas pouco tempo depois faleceu, no Bombarral.
Foi a 21 de Maio que o Sr. Tavares nos deixou, tendo o seu corpo sido depositado no cemitério da sua cidade de Portalegre.
António Tavares Jacob nasceu na capital do Alentejo Norte no dia de Natal de 1923. Contava pois 86 anos de idade.
O Sr. Tavares esteve colocado durante muitos anos no Posto da GNR em Castelo de Vide. Era do tempo em que neste Posto só havia meia-dúzia de guardas, pelo que raramente tinham folgas. Foi companheiro (e desde já pedimos desculpa por algum esquecimento involuntário) de guardas como o Pereira, o Mexia, o Caldeira, o Serra, o Cabo Grácio...
Montorinho
Morou o Sr. Tavares bastantes anos na casa do ferrador Mestre Libânio ali na zona do Montorinho. Mais tarde residiu na Carreira de Baixo.
Nós também tínhamos como centro da vila aqueles lugares mágicos do Montorinho, do café do Lúcio e da Avenida da Aramenha, onde andávamos de bicicleta e se situa ainda o Posto da Guarda, por cima do jardim. Portanto sempre nos lembramos da figura pacífica do Sr. Tavares e da sua esposa que lhe ia levar as refeições ao Posto, sempre que estava de plantão.
Por outro lado, o Sr. Tavares ia com frequência à oficina na Carreira de Cima do sapateiro João Barrento, onde engraxava as botas e as polainas da farda. E muitas conversas tivemos. O João Barrento também falava muito com o Sr Jacob, como fazia questão de sempre o tratar, e nem sempre estavam de acordo.
Recordamos também que o Sr Tavares ensinou a escrever o nome ao António, zeloso funcionário municipal que guardava o Parque Infantil do Jardim e as casas de banho públicas da Avenida da Aramenha. E foi mesmo ele que lhe comprou a caneta e o caderno.
Poucos anos depois do 25 de Abril de 1974 o Sr Tavares reformou-se e era vê-lo com o Mestre António Madeira (também ferrador e irmão do Mestre Libânio) e mais dois ou três amigos junto das grades do Montorinho ou das que dão para o Jardim Pequenino. Muitos castelovidenses recordarão o quadro que acabámos de descrever.
Já reformado este nosso amigo ainda viveu para os lados de Santarém, mas o facto de gostar tanto e tanto de Castelo de Vide fez com que aqui passasse os últimos anos da sua vida. António Tavares Jacob era casado e tinha uma filha, a Professora Maria de Lourdes.
Um Homem Bom!
Curiosamente JDACT escreveu acerca de António Tavares Jacob como sendo "um portalegrense de alma e coração. Um Homem Bom! Um Portalegrense pugnador entusiasta da República. Dedicou parte da sua vida a «cultivar amizades». Nos tempos livres, dialogava encostado nas grades do jardim pequeno. Conversando sobre os progressos que verificava no quotidiano da sua terra, na «passagem» dos amigos de Castelo de Vide e de Portalegre".
E JDACT até transcreveu, o que nós repetimos, as palavras de Cristovam Pavia, o poeta fortemente ligado a castelo de Vide: um «poema» do Livro dos 35 Poemas:
Há já muito que o Sr. Tavares não estava bem e recentemente até teve de ser internado no Hospital de Portalegre. Aquando da alta e por falta de alternativas e razões familiares ainda foi para a região de Santarém, mas pouco tempo depois faleceu, no Bombarral.
Foi a 21 de Maio que o Sr. Tavares nos deixou, tendo o seu corpo sido depositado no cemitério da sua cidade de Portalegre.
António Tavares Jacob nasceu na capital do Alentejo Norte no dia de Natal de 1923. Contava pois 86 anos de idade.
O Sr. Tavares esteve colocado durante muitos anos no Posto da GNR em Castelo de Vide. Era do tempo em que neste Posto só havia meia-dúzia de guardas, pelo que raramente tinham folgas. Foi companheiro (e desde já pedimos desculpa por algum esquecimento involuntário) de guardas como o Pereira, o Mexia, o Caldeira, o Serra, o Cabo Grácio...
Montorinho
Morou o Sr. Tavares bastantes anos na casa do ferrador Mestre Libânio ali na zona do Montorinho. Mais tarde residiu na Carreira de Baixo.
Nós também tínhamos como centro da vila aqueles lugares mágicos do Montorinho, do café do Lúcio e da Avenida da Aramenha, onde andávamos de bicicleta e se situa ainda o Posto da Guarda, por cima do jardim. Portanto sempre nos lembramos da figura pacífica do Sr. Tavares e da sua esposa que lhe ia levar as refeições ao Posto, sempre que estava de plantão.
Por outro lado, o Sr. Tavares ia com frequência à oficina na Carreira de Cima do sapateiro João Barrento, onde engraxava as botas e as polainas da farda. E muitas conversas tivemos. O João Barrento também falava muito com o Sr Jacob, como fazia questão de sempre o tratar, e nem sempre estavam de acordo.
Recordamos também que o Sr Tavares ensinou a escrever o nome ao António, zeloso funcionário municipal que guardava o Parque Infantil do Jardim e as casas de banho públicas da Avenida da Aramenha. E foi mesmo ele que lhe comprou a caneta e o caderno.
Poucos anos depois do 25 de Abril de 1974 o Sr Tavares reformou-se e era vê-lo com o Mestre António Madeira (também ferrador e irmão do Mestre Libânio) e mais dois ou três amigos junto das grades do Montorinho ou das que dão para o Jardim Pequenino. Muitos castelovidenses recordarão o quadro que acabámos de descrever.
Já reformado este nosso amigo ainda viveu para os lados de Santarém, mas o facto de gostar tanto e tanto de Castelo de Vide fez com que aqui passasse os últimos anos da sua vida. António Tavares Jacob era casado e tinha uma filha, a Professora Maria de Lourdes.
Um Homem Bom!
Curiosamente JDACT escreveu acerca de António Tavares Jacob como sendo "um portalegrense de alma e coração. Um Homem Bom! Um Portalegrense pugnador entusiasta da República. Dedicou parte da sua vida a «cultivar amizades». Nos tempos livres, dialogava encostado nas grades do jardim pequeno. Conversando sobre os progressos que verificava no quotidiano da sua terra, na «passagem» dos amigos de Castelo de Vide e de Portalegre".
E JDACT até transcreveu, o que nós repetimos, as palavras de Cristovam Pavia, o poeta fortemente ligado a castelo de Vide: um «poema» do Livro dos 35 Poemas:
Tudo voltará silenciosamente ao encanto antigo...
E os campos libertos enfim da sua mágoa
Serão tão surdos como o menino acabado de esquecer.
Na noite da minha morte
Ninguém sentirá o encanto antigo
Que voltou e anda no ar como um perfume...
Há-de haver velas pela casa
E xales negros e um silêncio que eu
Poderia entender.
Mãe: talvez os teus olhos cansados de chorar
Vejam subitamente...
Talvez os teus ouvidos, só eles ouçam, no silêncio da casa velando,
E mesmo que não saibas de onde vem nem porque vem
Talvez só tu a não esqueças.
© JRR/NCV
Sem comentários:
Enviar um comentário