Aprendizes de Mestre Carolino. |
Aprendizes em visita. |
No passado sábado, dia 13 de Outubro, o Mestre Carolino Tapadejo,
ferreiro de Castelo de Vide reconhecido pela qualidade dos seus trabalhos, foi
homenageado no lançamento do livro de memórias do seu filho mais velho,
Carolino Tapadejo, e na inauguração da musealização da sua oficina.
Livro de memórias elogia uma vida
O comendador Carolino Tapadejo lançou o livro “A Oficina de Ferreiro do
Mestre Carolino – Memória de Memórias e Outras Histórias”, na sala de
conferências do Hotel Sol e Serra, em Castelo de Vide. A obra conjuga as
memórias de infância do autor, passada na oficina de ferreiro do seu pai, o
Mestre Carolino Tapadejo, na Rua Nova, com detalhes acerca do ofício de
ferreiro.
“Quis deixar um testemunho de uma identidade”, completa Carolino
Tapadejo, que defende que os pequenos territórios “vão sobreviver pelas
questões identitárias”, e que considera a Rua Nova “uma rua mágica”.
A cerimónia de lançamento foi conduzida pelo bisneto mais velho do Mestre
Carolino, José Paulo Tapadejo, e contou com a presença de Salvato Trigo, reitor
da Universidade Fernando Pessoa, editora do livro; Maria da Guadalupe
Transmontano Alexandre, responsável pelo posfácio; Rui Cunha, encarregue do
trabalho gráfico; e António José Miranda, Presidente da Assembleia Municipal de
Castelo de Vide.
Maria de Guadalupe Alexandre, etnógrafa e poetisa, considerou-o “uma obra
literária, que se lê com entusiasmo e em que a Rua Nova parece convocada do
passado”, e Rui Cunha declarou-se orgulhoso por aceitar o “desafio”. “O
Carolino tem uma fluência de escrita e uma memória prodigiosa”, afirmou,
destacando os detalhes da vida em Castelo de Vide na época, e adiantou que “o
livro vai ser sem dúvida uma referência sobre o passado”.
Salvato Trigo, por
sua vez, destacou a “nobreza” da profissão de ferreiro de que a obra trata e
confessou ter-se sentido “transportado à infância”.
A cerimónia foi encerrada pelo Presidente da Assembleia Municipal que
destacou o número da assistência. “Esta casa cheia representa a personalidade
do amigo Carolino, que é uma pessoa que enche uma casa”, elogiou.
Oficina-Museu inaugurada
A abertura da Oficina-Museu do Mestre Carolino na Rua Nova contou com a
entrega simbólica do espólio da família Tapadejo à Junta de Freguesia de S.
João Baptista, proprietária do imóvel e responsável por este projecto, “para que
continue a ser de todos”, segundo Carolino Tapadejo. “O meu pai, o nosso pai,
sempre dizia que gostava de mostrar. Nunca escondeu nada”, declarou o
comendador, que deixou ainda o agradecimento ao Vice-presidente da Câmara
Municipal de Castelo de Vide, António Pita, “pelo entusiamo na abertura deste
espaço” e à secção de Arqueologia, destacando o trabalho de José Manuel Bica
“que já nos deixou”. Para o porta-voz da família Tapadejo a Oficina-Museu “é
uma homenagem que temos de prestar àqueles que já nos deixaram”.
"Mostrar aos mais novos e matar as saudades aos mais velhos”
O espaço recuperado e o espólio exposto recriam o espaço original da
oficina de ferreiro do Mestre Carolino, sendo um contributo “para mostrar aos
mais novos e matar as saudades aos mais velhos”, explica Carolino Tapadejo.
É
intenção da Junta de Freguesia proprietária manter o Museu aberto segundo o presidente,
Joaquim Custódio, que a considera “uma homenagem a uma pessoa pelo homem que
foi, que ensinou a sua profissão a muitos outros mestres” e “uma mais-valia
para Castelo de Vide”. Joaquim Custódio deixou ainda o agradecimento aos
membros da Assembleia de Freguesia, aos funcionários da Junta de S. João e à
Câmara Municipal “na pessoa do Vice-presidente, António Pita, que se empenhou
para que se inaugurasse hoje o museu”.
A presença dos aprendizes
António Pita elogiou o projecto da Junta de Freguesia e louvou a família
Tapadejo por provar “ser uma boa família de Castelo de Vide” ao doar à vila um
património “que poucas localidades têm”. “Todas as localidades têm homens que
fazem a diferença”, afirmou o Vice-presidente, apontando Carolino Tapadejo como
um exemplo. “Quero agradecer o facto de nunca ter desistido de Castelo de Vide
e de ter criado um espaço de memória que vai fazer com que os castelovidenses
sintam orgulho. É mais um elemento diferenciador da nossa oferta cultural”,
declarou.
A cerimónia decorreu sempre num ambiente emotivo e contou com a presença
de um grande número de convidados, para além da família do Mestre Carolino e de
alguns dos seus aprendizes de ferreiro.
© Susana Serra/NCV
Mateus e Carolino Tapadejo no interior da oficina. |
Mateus e José Alberto Tapadejo. |
José Paulo Tapadejo, João Diogo Carlos, presidente da Associação Ekosiuvenis, e José Miguel Tapadejo. |
José Carlos Tapadejo e Santiago. |
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