27 de outubro de 2013

“A esquina dos guarda-chuvas”

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Henri Cartier Bresson, um dos grandes fotojornalistas do século XX, correu o mundo a fotografar. Esteve em Portugal em 1955, no seu périplo pelo nosso país, Castelo de Vide também foi honrada com a sua visita.  Das fotografias que na nossa vila tirou conhecemos aquela tirada no local a que Luiz Carvalho chama “a esquina dos guarda-chuvas”. 
Este último, também um conceituado fotojornalista (é o autor e realizador do programa “fotografia total” que é exibido na TVI 24), publicou em Julho de 2003 na revista “Actual” do jornal Expresso um artigo intitulado “ O Portugal dos anos 50 de Henri Cartier Bresson revisitado”. 
Para ilustrar este artigo Luiz de Carvalho visitou os mesmos sítios onde Cartier Bresson tinha tirado as suas fotografias e munido com uma máquina fotográfica digital, equipada com uma objetiva de distância focal idêntica à que este tinha usado, tirou novas fotografias procurando os mesmos enquadramentos. 
Analisando depois as suas fotos e as do fotógrafo francês conclui Luiz Carvalho “… Confrontado com a realidade de hoje, há personagens que entram nos meus enquadramentos e que parecem as mesmas de há quase cinco décadas. O caso de Castelo de Vide, onde três homens do campo passam na esquina dos guarda-chuvas…”. 
Quantos de nós, pergunto eu, não teremos enquadrado as fotos tiradas por outros, anónimos ou conhecidos, fotógrafos nas esquinas das ruas que vão convergir na Carreira de Cima? É nesta rua, qual veia cava, para onde quase todos os dias confluimos, que muito se sente o pulsar da nossa vila. 
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Quem quiser registar um Castelo de Vide real e profundo, tem aqui o estúdio ideal. Os guarda-chuvas da esquina pertenciam ao expositor da “Loja do Povo” de Afonso de Alegria Roque. Loja onde, para ocasiões de circunstância, se iam comprar uma camisa “regojo”, daquelas que eram vendidas com um colarinho de reserva, ou umas peúgas CD. 
Na fotografia de Luiz Carvalho o mesmo espaço comercial já era ocupado por uma loja de artigos de decoração a “Porta 48”. As imagens que acompanham este texto foram obtidas a partir de fotocópia de um recorte, do já citado artigo, da revista Atual do Expresso (nº 1602 de 12 de Julho 2003). 
A outra fotografia foi tirada pelo autor destas linhas com uma máquina fotográfica analógica (corpo Zenit 12XP e objetiva Cosina 70-200, película 35mm. Ilford HP5plus, abertura e velocidade de obturação do diafragma não registada, revelada com Rodinal-Agfa) e cronologicamente situa-se entre as fotos dos dois mestres, já não enquadra a esquina da rua Miguel Bombarda, “a dos guarda-chuvas” mas foca, uns escassos metros mais à direita, as duas portas da que foi a “Loja do Povo” nessa época denominada “Casa Joneca”, lá está o senhor Lourenço Alegria Gasalho, que naquele espaço comercial cumpriu uma carreira profissional de um pouco mais de cinquenta anos! Primeiro como empregado depois como patrão. O outro personagem é um cliente e amigo. Era, e é assim o comércio tradicional. 
João Calha

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