24 de maio de 2015

Cine-Teatro Mouzinho da Silveira:
a visita do bilheteiro na reserva...

O bilheteiro na reserva
voltou ao cine teatro de
Mouzinho da Silveira”.
Entrou, olhou
mas não encontrou
o postigo da bilheteira.
Senta-te aí João,
já não vais ficar fechado
naquele cubículo
que era tão acanhado.
Aí estás mais desafogado,
ficas quase de corpo inteiro.
Como a lotação está esgotada
não tens que fazer mais nada.
Rica vida que arranjaste
Sei que te custa estar quieto,
mas promete-me
que não vais cuspir fogo,
nem lotaria vender,
fazer barbas ?
Nem pensar.
Para onde estás a olhar?
Ah! Já percebi
não vês a lápide
que dantes estava ali
a do D. João da Câmara.
Uma coisa tens de saber,
as paredes querem-se
nuas,
mudas,
sem memória.
Pois, tens razão
mas esse é
o mais alto magistrado da nação.
Confia em quem sabe
destas coisas,
e de outras.
Deixa-te de saudosismos serôdios
Imaginário coletivo?
Onde é que foste buscar isso.
Também te quero avisa
Que ao entrares na plateia
também não vais dar com
o nome daquele médico
que nos foi tão dedicado
e, por nós, tão estimado,
que tão bem pintou e teatralizou
o estar e sentir da nossa gente.
E a do “ Alfageme de Santarém”
do Almeida Garrett
peça onde tanta gente entrou
Lembras-te?
Essa também se eclipsou.
Podes ficar descansado,
que apesar destes sumiços,
(ao que parece temporários),
soube dias
que tudo está a ser
contextualizado
reclassificado
conceptualizado
reposicionado
para ficar, de novo,
à vista de todos nós.
Vês João,
para quê tanta apreensão!

João Calha

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