![]() |
Fotos © António Manso/NCV
Clicar na imagem para visionar as fotos individuais.
|
Está patente ao público no Posto de Turismo uma nova exposição. Todos os dias das 9 às 13. horas e das 14 às 18 horas até ao dia 1 de Junho.
Intitulada “Vamos à Praça” a exposição é baseada nos antigos mercados tradicionais que se realizavam junto ao Pelourinho, na Carreira de Cima, e foi concebida e montada pelas funcionárias Glória Montinho e Maria do Carmo Alexandre.
Este ciclo de pequenas exposições vai prosseguir já em Junho com a organização de uma outra cujo tema serão os Santos Populares. © NCV
Vamos
à Praça
Nasce
o sol, junto ao pelourinho montam-se os tabuleiros e dispõem-se os
produtos para venda.
A
ti Catrina levanta-se cedo, quer ser a primeira a mercar.
-
Tenho que encontrar “Jospiros” a minha Zefa está de esperanças
e tem desejos.
De
Alpalhão chega o grão, feijão, arroz, ervilhas que são despejados
ao monte no lajeado onde vão ser vendidos ao litro. O dinheiro da
venda irá servir para comprar os tecidos que a mulher vai
transformar em roupa. O riscado para as ceroulas, a ganga calças de
trabalho, fazenda de lã para as calças mais finas e coletes, a
chita e a popelina usadas em aventais e blusas, o cretone para a
colcha da filha que vai casar e pano-cru para o que calhar.
O
peixe veio de comboio, chegou de madrugada à estação, foi
transportado até à vila de carroça e vai ser agora vendido por
fresco. “Pexelim”, carapau, sardinha e cação são os mais
cobiçados para o almoço.
Tudo
se vende, tudo se compra.
A
queijeira também conhecida por roupeira devido às suas roupas alvas
ao tratar do produto é indagada:
-
O queijo é bom?
-Oh
freguesa, leve à vontade, é de leite de gente de confiança.
Entre
um raminho de cheiros e um molho de salva brava, lá se vai
continuando.
Galinhas
e coelhos vivos nas cestas, e os ovos?
-
Dê-me ai uma dúzia, mas só de galinha preta.
-
E eu sei lá quais são os da galinha preta!
-
Olhe, são os maiores!
Tudo
se vende, tudo se compra
Os
da Póvoa vêm à vila e deixam a bucha e o avio nas lojas para não
andarem carregados.
As
abóboras são mogangos.
Os
mogangos são morangos.
Os
morangos, moranguinhos.
Os
barros do dia-a-dia vieram de Flor da Rosa e são vendidos pelos
“paneleiros” (triste sina a de quem vende panelas). Alguidares
para amassar e para as matanças, panelas pra cozinhar no lume,
cafeteiras, “enfusas” e potes para adoçar as azeitonas.
Marcha
uma massa frita do Ti João da Linha e um café de “escolateira”
já agora, que a manhã ainda é longa.
Se
era novidade lançava-se um Pregão:
Faz-se
saber que no tabuleiro do Sr. Jaquim do Brejo estão à venda as
primeiras cerejas da época…
-
E são doces? Não têm bicho?
-
Se não têm buraco é porque não têm bicho e se tiverem buraco é
porque o bicho já saiu.
Carne
fresca e enchidos também têm lugar nesta amálgama de cores,
cheiros e sabores.
Tudo
se vende, tudo se compra.
Entre
um copo de 3 e um carapau frito tratam-se de negócios.
-
Manel quanto queres por um alqueire de azeite? E a cabra já está
prenha?
-
Olha que de barriga é mais cara, pelo menos 5 notas.
Hora
de almoço, baixam-se os preços para não levar restos para casa.
Levantam-se
os tabuleiros. Termina o mercado
Os
negócios continuam nas tascas.
Tudo
se vende, tudo se compra.
Glória
Montinho
Maio
2015


Sem comentários:
Enviar um comentário