Foi hoje a enterrar em Lousada (Porto) a escultora Clara Menéres, que faleceu na passada quinta-feira em Lisboa.
A escultora é a autora do "Monumento a Salgueiro Maia", erigido em 1994 na muralha à entrada do castelo em Castelo de Vide.
Maria Clara Rebelo de Carvalho Menéres nasceu em Braga, a 22 agosto de 1943, estudou escultura na Escola Superior de Belas-Artes do Porto, onde foi aluna de Barata Feyo, Lagoa Henriques e Júlio Resende, tendo concluído a licenciatura em 1968.
Foi bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian em Paris, entre 1978 e 1981, doutorando-se na Universidade de Paris VII em 1983. Foi também investigadora do Center for Advanced Visual Studies do Massachusetts Institute of Technology (MIT) entre 1989 e 1991.
Iniciou a atividade pedagógica na Escola Superior de Belas Artes do Porto e, entre 1971 e 1996, foi professora da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, onde exerceu o cargo de presidente do conselho diretivo de 1993 a 1996. Foi depois professora catedrática na Universidade de Évora, onde lecionou de 1996 a 2007.
A última peça de sua autoria é a estátua do papa João Paulo II, inaugurada na Páscoa passada, numa rotunda da cidade da Maia, nos arredores do Porto.
Mas uma das suas obras mais conhecidas é "Jaz Morto e Arrefece", uma representação escultórica realista de um soldado morto com a farda da guerra colonial, inspirada no poema "O Menino de Sua Mãe", de Fernando Pessoa, apresentada pela primeira vez na Sociedade Nacional de Belas Artes, em Lisboa, em 1973, antes da queda da ditadura. Esta obra pode ser vista atualmente na Fundação Calouste Gulbenkian, na exposição "Pós-Pop. Fora do lugar comum", entre outras peças da autora, que também está representada na coleção desta instituição.
Na sua obra destacam-se ainda "Mulher-Terra-Viva" (1977), "A grande espiral" (1988), o "Monumento ao viajante", em Guimarães (1991), "Monumento a Willy Brandt", Porto (1993), e o "Monumento a Salgueiro Maia", Castelo de Vide (1994).
Nos jardins da Fundação Calouste Gulbenkian encontram-se "Papisa" ("Coincidentia Oppositorum"), de 1983.
Em 2016, o Santuário de Fátima assinalou o encerramento das celebrações do Centenário das Aparições do Anjo da Paz com a inauguração de uma escultura em bronze - "O Anjo da Paz" - da autoria de Clara Menéres.
Também no Santuário de Fátima se encontra, desde 2000, uma imagem da jovem pastora Jacinta, canonizada pela Igreja Católica em maio passado, da sua autoria. © NCV
Sem comentários:
Enviar um comentário