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É lançado hoje sábado dia 16 de Novembro pelas 16 horas na Fundação Nossa Senhora da Esperança o livro “Castelo de Vide – História e Sociedade (1906 a 1951)”, da autoria de Mateus da Cruz Maniés (†).
A obra foi coordenada por José Mateus Maniés Lourenço (neto do autor) e recolhe grande parte da vasta e diversificada produção de textos e artigos de imprensa que o autor deu à estampa entre 1906 e 1951.
A apresentação estará a cargo do Professor Doutor Francisco Sepúlveda Teixeira. © NCV
Quem foi Mateus da Cruz Maniés?
O meu Avô, Mateus da Cruz Maniés, nasceu na Freguesia de Santa Maria da Devesa, em Castelo de Vide, pelas 23 horas do dia 31 de Agosto de 1886. Filho de Floriano de Alegria Maniés e de Desidéria do Carmo, moradores na Rua de Santa Maria de Cima, viria a ocupar diversos cargos ao serviço de Castelo de Vide e a distinguir-se nas letras.
Depois de fazer a instrução primária em Castelo de Vide, deu entrada no Seminário de Portalegre, onde completou o curso de Teologia com brilhantismo. Quando da proclamação da república, em 1910, meses depois de ter deixado o seminário, colocou completamente de parte a ideia de vir a ser padre. Sem disposição interior nem vontade, para seguir o sacerdócio, não viria a ordenar-se padre, enveredando pelo comércio. O seu estabelecimento comercial, essencialmente de venda de tecidos, situou-se na Carreira de Cima (Rua Bartolomeu Álvares da Santa). Foi também correspondente do Banco de Portugal, durante vários anos.
Desde novo que a sua inclinação para as letras era notória, inteligente e estudioso, rapidamente adquiriu cultura e sentido de análise crítica que se viria a revelar mais tarde. A sua sensibilidade e gosto para a música levou-o também a praticar violino.
Assumiu, com entusiasmo, parte activa da vida pública da sua terra, que exaltava e amava com todo o fervor com a geração desse tempo. Integrou a Comissão Municipal de Castelo de Vide do Partido Republicano Português, da qual viria a demitir-se em 20 de Junho de 1924.
Grande amigo e defensor da sua terra desempenhou diversos cargos, tais como os de Vice-Presidente da Câmara Municipal, Vereador e Administrador do Concelho.
Por proposta sua, fez-se grande parte da plantação dos pinheiros na Serra, cujos benefícios rapidamente se fizeram sentir. Foi vice-presidente da Direcção da Sociedade Recreativa 1o de Dezembro, em 1911. Foi também um dos fundadores e fez parte da primeira Direcção dos Bombeiros Voluntários de Castelo de Vide, nomeada em 25 de Outubro de 1915, ocupando as funções de tesoureiro. Fez parte da direcção para o biénio 1914-1916, do Asilo de Almeida Sarzedas e Albergue Filial de Inválidos do Trabalho (notícia da pág. 3 de Cousas e Lousas de “O Povo” no 19 de 21 de Junho de 1914).
A sua actividade literária está dispersa em vários jornais, não tendo sido reunidas ainda em volume as suas publicações. Todos os jornais que se editaram em Castelo de Vide, na sua época, contaram com a colaboração de Mateus Maniés. Leitor dos clássicos, com preferência pelos latinos, cuja língua praticava com desenvoltura e propriedade, considerava também os modernos, tendo grande admiração por Fialho, podendo mesmo assumir-se o seu estilo e as ironias escritas nos seus contos, como influência deste escritor.
Foi abundante a sua colaboração em todos os jornais locais pois, como já referi, era notória a sua tendência para a actividade literária, mais que para a oratória. Foram encontrados, até ao momento, 269 artigos e contos escritos por Mateus Maniés. Começou por escrever n’ O Distrito de Portalegre em 1906 e no Alto Alentejo em 1908. Foi, depois, Secretário de Redacção do semanário republicano O Povo (Castelo de Vide, 1921-1923).
Ligado ao lançamento do «semanário republicano, defensor dos interesses do concelho» Folha do Leste em 16 de Março de 1930, aí assegurou a secção Coisas Várias, sob o pseudónimo de José Bento, que já utilizara em «O Povo» e n’ “O Castellovidense”.
Colaborou ainda em O Povo (Castelo de Vide, 1913-1923), Brados do Alentejo (Estremoz, 1931-1951) e O Castelovidense (Castelo de Vide, 1932-1948).
Para além de cronista do jornal Brados do Alentejo, na terceira série de O Povo, do qual foi secretário de redacção, publicou a maior parte de seus contos, em Crónicas da minha Terra, entre os quais se destacam “Disciplina”, “Uma bruxa em calças pardas”, “Lendas”, “A peste”, “Ecos das lutas liberais”, “Vida do Campo”, “Alma do outro Mundo”, “Senhora das Necessidades”, “O Senhor Juiz” e “O Soldador”.
Com vinte sete anos de idade, no dia 29 de Abril de 1914, casou em Castelo de Vide com Amélia Augusta Forçado, de 29 anos, também natural de Castelo de Vide. Foram seus padrinhos, João António Gordo, Alberto Carlos Mimoso Rolo e como madrinha, Maria Inácia Forçado Quintans. Do seu casamento nasceram duas filhas, Maria Leonor Maniés Roque, minha Tia, que viria a casar com José Beliz Roque e Desidéria do Carmo Maniés, minha Mãe, que viria a casar com o meu Pai, Capitão José Isabel Lourenço.
Mateus Maniés faleceu em Castelo de Vide, no dia 26 de Junho de 1951, pelas 20 horas. Fica-me o imenso desgosto de nunca o ter conhecido, dado que faleceu 3 anos antes do meu nascimento, mas o grande orgulho de dele descender. Contudo, dado o Amor incondicional que ligava a minha Mãe ao seu adorado Pai, fica a sensação de sempre o ter conhecido através dela, pois sempre me soube falar de seu Pai com adoração, até ao fim da sua caminhada terrena de 99 anos...
José Mateus Maniés Lourenço
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