Foto © CMM |
As populações raianas são herdeiras de uma continuidade demográfica construída em resposta ao problema da guerra do século XVII, assente na utilização do urbanismo civil para garantir a consistência e a continuidade do sistema defensivo, materializado nas várias fortificações que podemos encontrar ao longo da fronteira.
Sistema de defesa com cerca de 100 fortificações
O sistema de defesa criado durante a guerra que opôs Portugal a Espanha (1640-1668) integra cerca de uma centena de fortificações do lado português. Nessa paisagem, para além da cidade de Elvas, reconhecida pela Unesco como Património Mundial em 2012, destacam-se, pela excecional demonstração de autenticidade e estado de conservação, a Praça-forte de Almeida, a Fortaleza de Marvão e a Fortaleza de Valença.
Este sistema de defesa permitiu a Portugal, em 1668, reconquistar a soberania plena do Estado nos exatos limites espaciais do Tratado de Alcañices (1297), não somente o tratado de fronteira mais antigo do mundo mas, também, o tratado na sequência do qual os reinos ibéricos firmaram uma Raia.
A Raia, espaço de conflitos bélicos e de partilha e convivência
A Raia, espaço de conflitos bélicos, foi sobretudo um espaço de partilha e de convivência ao longo dos tempos. Construídas na conjuntura política e militar da Guerra da Restauração (1640-1668), as fortalezas deste sistema destinaram-se tanto a proteger as comunidades raianas, como a defender e a afirmar a independência de Portugal ao longo da sua História.
Hoje, mais do que elementos evocadores de conflitos passados, estas fortificações constituem testemunhos de paz e ligações linguísticas, económicas e culturais que unem os povos dos dois lados da fronteira.
A criação da Rota das Fortalezas Abaluartadas da Raia visa valorizar e dar a conhecer este património de excecional valor, um património que reflete alguns dos episódios mais marcantes da História nacional, que deixa transparecer a perícia técnica dos seus exímios construtores e a História de
Valença, Almeida, Marvão e Elvas
Para além da constituição da Rota que permitirá a descoberta deste Património de forma qualificada, e tendo presente o valor excecional deste património, os municípios de Valença, Almeida, Marvão e Elvas uniram-se no sentido de apresentar este conjunto de Fortalezas ao selo de Património da Humanidade pela UNESCO, com o intuito de preservar e restaurar os bens e assegurar a sua efetiva proteção no presente e no futuro; promover a participação informada de todas as partes interessadas, especialmente dos utilizadores diretos dos Bens, através de processos ativos de consulta pública e de ações orientadas para a sua proteção, valorização e promoção; proporcionar a fruição qualificada dos bens, contribuindo para a excelência da experiência turística em Almeida, Elvas, Marvão e Valença; estimular a criação e desenvolvimento de indústrias criativas baseadas na excelência do valor patrimonial dos Bens e das suas envolventes; reforçar o papel das Fortalezas Abaluartadas da Raia como marcos arquitetónicos que permitem interpretar os múltiplos significados das históricas relações estabelecidas entre os dois lados da fronteira entre Portugal e Espanha. © CMM/NCV
Sem comentários:
Enviar um comentário