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No quadro da Rede Eunice Ageas, a produção é de Dentro do Covil – Produção e Criação Artística, em co-produção com o Teatro Nacional D. Maria II, o Teatro Viriato e o Centro de Arte de Ovar.
Cuidar dos mortos. Pouco depois da estreia de Madalena, começou um mês e meio de confinamento. Madalena era um espetáculo sobre a complexa figura simbólica de Maria Madalena, a cuidadora. É ela quem prepara o corpo de Cristo para as cerimónias fúnebres e também é a ela que é dado a conhecer o milagre da transcendência da carne. Nesse espetáculo, as atrizes atravessavam uma longa noite de luto — um processo que passa pela negação, raiva, negociação, tristeza e aceitação — para resgatar o direito ao contacto com o corpo morto numa sociedade em que a morte foi higienizada, desmaterializada, tornada abjeta.
Madalena é hoje um outro espetáculo. Não se sabe bem o que é. Hoje, não só está interdito o contacto com o corpo morto, mas também o contacto com os vivos está condicionado. As inquietações agigantam-se depois de convivermos com um vírus que nos isolou fisicamente, que nos fez temer o outro, que fez com que funerais fossem proibidos, que deixou tantos morrerem sós. Madalena continua a lembrar-nos que, sem contacto, somos menos humanos.
Sob a direção artística de Sara de Castro, o elenco conta com Ana Brandão, Carla Galvão, Cuca M. Pires, Madalena Almeida, Paula Só e Teresa Moreira. No coro de voz falada - projeto Primeira Vez – estarão Ana Pereira, Graciete Silva, Hugo Louro, Nilza Rodrigues, Pedro Galhardo e Viviana Reis. © NCV
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