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A boleima tem ingredientes simples, modestos, é de origem popular e, na sua origem, resultou do aproveitamento dos restos da massa de pão.
Até há uma variante chamada boleima pobre.
É um bolo tradicional e muito consumido. “Dá para comer acompanhada de café, chá, galão... como a pessoa gosta mais. O meu pequeno almoço todos os dias é um galão e uma boleima. Os meus clientes às vezes perguntam se como bolos e eu respondo que sim, para provar se são bons ou não. Todos os dia como bolos”.
Dona Belmira tem mais de 80 anos e a vitalidade que revela não é só de comer uma boleima todos os dias. É também de as fazer. “Há mais de 50 anos. A minha mãe era padeira e aprendi com ela.”
A Casa de Chá Belmira é o nome do seu estabelecimento em Castelo de Vide e é permanente o vai e vem de clientes que vão comprar doces regionais. É mais afamada pela boleima. Ela diz que as suas têm um sabor próprio devido à forma como as confeciona.
“Primeiro fazemos a massa do pão. Como se estivéssemos a fazer pão. Depois a massa é trabalhada com azeite e um pouco de banha. Depois leva açúcar, canela e maçã. Fazemos de vários feitios.”
A boleima fica estaladiça, com um tom acastanhado por cima, com um pedaço de maçã e açúcar. A massa é ligeiramente mais clara e tem um risco acastanhado no meio, onde foi colocada a canela que tem um sabor dominante.
No Alentejo o bolo é feito de várias formas. Dona Belmira continua a fazer “como aprendi com a minha mãe. Há quem faça a massa rápido, eu não. Dá muito mais trabalho, mas assim é que fica bem.”
A casa de chá tem quase 60 anos e é resultado de um esforço permanente. “Quando fazia os doces com a minha mãe eu tinha uma taberna. Vendia os bolos de azeite ou as boleimas normais, também mais pequenas, a acompanhar o café. Custava 5 tostões.” A partir daí diversificou a confeção e apostou numa produção maior.
“Desde que organizei a minha casa começamos a alterar os tamanhos das boleimas. A fazer maiores. Depois a boleima dobrada, com a maçã e a canela no interior. A boleima normal era como se fazia antigamente, sem maçã, porque não havia dinheiro para isso”.
Para quem gosta de boleimas, a distância física não é impedimento para se saborear: “tenho clientes, essencialmente em Lisboa, que mando pelo correio. Tenho também clientes do Porto, Braga, que costumam vir à boleima em algumas épocas do ano, como por exemplo Natal e Páscoa”.
Em Castelo de Vide há outras lojas e pastelarias a vender boleimas. Da doçaria local fazem ainda parte Mimos e Bolo Finto de Castelo de Vide.
A boleima de D. Belmira é especial faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.
Andarilho/Sapo Viagens
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