Fotos © Antena1/NCV |
O conhecido jornalista Fernando Alves, recém divorciado da sua TSF, aceitou um novo desafio da Antena Um e cedeu ao seu “vício da rádio” regressando felizmente à antena com o programa semanal “Tão Longe, Tão Perto“ na grelha dos sábados na rádio pública entre as 11 e as 12 horas.
“Não é necessário muito mais do que um mapa”, reza a sinopse desse novo programa da Antena 1. “E uma enorme sede de conversa, de descoberta do outro”, cuja primeira emissão foi para o ar no passado sábado, escolheu Castelo de Vide como cenário para a busca da “sabedoria que dá sombra como as árvores”, das grandes e inauditas histórias de vida.
Chegou pela estrada de Alpalhão e selecionou como interlocutores a Fernanda Mouzinho e a Manuela Mendes, terminando a jornada no “Pitolito” de novo com Carolino Tapadejo de sempre.
O plano é simples: “Tenho uma história para contar e conto-a com os materiais de que disponho”, disse recentemente Fernando à Antena 1, sublinhando que “sempre [procurou] escapar a essas camisas de onze varas” que dão pelo nome de conceitos e formatos. “Neste caso, faço-me ao caminho com um mapa, um gravador e a curiosidade que sempre me empurra para diante”. O resultado pode ser ouvido integralmente em podcast AQUI.
"Solípedes, conhos e pirolitos"
“Na primeira emissão de "Tão Longe, Tão Perto", Fernando Alves percorreu os caminhos de Castelo de Vide.
A depressão Irene tinha deixado marcas nos caminhos, ainda antes de Alpalhão. Havia lençóis de água nos baixios da estrada, as ribeiras de Sôr e de Nisa galgavam muros e alagavam os campos.
À chegada a Castelo de Vide, uma névoa densa acompanhava a chuva. Não se via a Senhora da Penha, nem os veados junto à cerca na estrada que circunda o castelo medieval. Mestre Carolino Tapadejo, um velho amigo, deu-me indicações precisas que me permitiram encontrar a casa da técnica agrária Fernanda Mouzinho, para os lados do Barregão.
O que prende Fernanda Mouzinho "a um chão de pedras"?
Fernanda vem abrir ao toque da sineta. A dois passos, uma cabrinha tenta trepar a uma figueira. É a cabrinha Ginja.
Fernanda estudou a arte de não deixar morrer os campos. Quando o novo vizinho alemão fez anos, ofereceu-lhe duas galinhas. Ao longo da conversa perceberemos o que a prende, afinal, a um chão de pedras.
Manuela Mendes, o "sonho desfeito na Robinson e o seu burro
Regressado à vila, encontro Manuela Mendes, engenheira química que dedicou grande parte da sua vida a um sonho desfeito na Robinson, em Portalegre. Destroçada, decidiu abrir uma loja de artesanato, no centro da vila. No dia em que conversámos, estava em cuidados não fosse a chuva ter desassossegado um burro que é a sua menina dos olhos.
Garcia de Orta, Mouzinho da Silveira, Ventura Porfírio, Salgueiro Maia
Quando a tarde declinou, o velho amigo Carolino Tapadejo levou-me ao “Pirolito”. Foi outra maneira de me levar à sua infância, ao glorioso tempo dos berlindes que se chamavam chapotas e vinham nas garrafas de um refrigerante. À sobremesa, saboreámos anexins.
Eis como longe e perto se confundem, nesta terra que foi de Garcia de Orta, Mouzinho da Silveira, Ventura Porfírio, Salgueiro Maia”. © Antena1/NCV
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