13 de julho de 2025

“O Grito de Abril”:
fotografias de Adélia da Fonseca-Riès até Dezembro no Museu do Aljube em Lisboa

Fotos © DR/NCV
Adélia da Fonseca-Riès
Foi inaugurada no passado dia 26 de junho, no Museu do Aljube – Resistência e Liberdade, em Lisboa, a exposição "O Grito de Abril", composta por uma série inédita de ensaios fotográficos da conterrânea Adélia da Fonseca-Riès, contando com a presença no ato, de muitos amigos e personalidades como Adelino Gomes e Carmelinda Pereira, entre outras referências do período revolucionário e pós-revolucionário. A mostra pode ser visitada até o fim de Dezembro.
Integrada nas celebrações do cinquentenário do 25 de Abril e dos 50 anos do PREC e das independências africanas, "O Grito de Abril" acrescenta uma nova camada ao olhar sobre a revolução: não o olhar estrangeiro, mas um olhar de dentro com horizontes amplos, moldado por uma vida cosmopolita, humanista e movida por uma paixão inabalável pela liberdade, marcas fortes de Adélia Riès.
Um olhar pessoal sobre os murais revolucionários
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As fotografias partem de murais revolucionários pintados no rescaldo do 25 de Abril, mas afastam-se do registo habitual. Em vez de captar as obras na sua totalidade, Adélia detém-se em fragmentos, gestos, rostos, extraindo desses detalhes uma surpreendente força poética e política singular. Trata-se de um olhar profundamente pessoal sobre a revolução e os seus ecos nas paredes de Lisboa, um testemunho artístico da liberdade vivida e celebrada.
Esta exposição é também um ato de amor. Adélia sonhara concretizar em vida, este projeto, sucessivamente adiado. Philippe Riès, o seu companheiro de vida, decidiu concretizá-lo após a sua morte, homenageando não só a obra, a arte e a vida de Adélia, mas assim também o amor que os une.
Exposição acompanhada pelo livro "O Grito de Abril" 
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A exposição é acompanhada pelo livro "O Grito de Abril", uma edição cuidada que reúne textos, fotografias e depoimentos de amigos e cúmplices de vida, traçando um retrato íntimo e plural do trabalho e da vida de Adélia. Adelino Gomes, Manuel Rosa, Alfredo Cunha, acompanham Philippe Riès na homenagem em forma de entrevista / evocação. Cristina Pratas Cruzeiro faz o enquadramento histórico político e social dos registos murais.
Nascida em Lisboa, viveu pelo Mundo e faleceu em Castelo de Vide
Nascida em Lisboa em 1946, Adélia da Fonseca-Riès teve uma vida profundamente marcada pela diversidade cultural. Viveu no antigo Congo Belga, em Paris, Tóquio, Hong Kong e Bruxelas. Mas foi em Castelo de Vide, na terra de Salgueiro Maia, que desde 1997 escolheu com Philippe o lugar onde se quis enraizar.
Adélia faleceu a 1 de Setembro de 2020 na sua quinta de Castelo de Vide. © NCV

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