A
exposição "Cartazes de Augusto Rainho" está patente ao
público na Escola Garcia d'Orta de Castelo de Vide até ao próximo
dia 20 de Maio de 2011.
São
32 os cartazes expostos. Com incidência sobre a década de 90. O
maior número é sobre actividades de Castelo de Vide mas também os
há de Marvão e Portalegre.
A
última exposição de cartazes do autor realizou-se em 1997, no
Centro Municipal de Cultura de Castelo de Vide. Como que a lembrá-lo,
lá está agora re-exposto um texto do autor que mantém toda a
oportunidade e actualidade. E que a seguir publicamos. ©
NCV
Devem ser
como um murro no olho!
“Têm várias formas e
tamanhos, mas é no rectângulo que se sentem mais à vontade. De
concepção simples e, pontualmente, com uma lambidela de humor,
comunicam através da imagem e do texto e, quando bem feitos, até
por analfabetos são lidos. Têm vida curta e são pouco respeitados.
Nascem e desaparecem ao sabor das modas. Depois de utilizados, servem
para tudo e para nada. Desde simples papel de embrulho a tapete; de
bola de futebol a fabulosos aviões e foguetões de papel que dão
largas à imaginação de crianças e adultos.
Quem os faz sofre!
Muito!... Como em todo o acto de nascer. Do estirador, do lápis, dos
pincéis, dos papéis, das colas, das tintas, da tesoura e da
borracha, saltaram para o alucinante universo informático. O
sofrimento é o mesmo! As hipóteses de concretização nascem em
cascata, juntamente com a angústia de não saber quando parar.
A informática, de mãos
dadas com o fotocopiador, democratizou-os, sobretudo os de concepção
doméstica, mas a qualidade raramente lhes fez companhia.
Antes de saírem para a
rua, e salvo raras excepções, são mutilados nas oficinas gráficas,
quase sempre ao nível da cor.
Os que hoje aqui podem
ver, criticar e contestar são uns felizardos. Foram adoptados por
alguém que os soube compreender e respeitar. Tiveram direito a
moldura, passe-partout, vidro e a estar em família,
pendurados em paredes brancas, feitas de propósito para os receber,
até que decidam que o melhor lugar para eles é o lixo. Se isso não
acontecer, traçarão humildemente o caminho cultural e social do
nosso Concelho. Serão testemunhos de tempos e de viveres que
teimosamente continuamos a preservar, bem como da estética gráfica
da altura em que nasceram.
Pela minha parte,
agradeço-vos a disponibilidade desta visita. Para a maioria, mesmo
para os mais distraídos, será certamente um reencontro com eles -
Os Cartazes”.
Augusto
Rainho
Novembro
de 1997
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