A estação de Marvão-Beirã. |
Por iniciativa da
Câmara Municipal de Marvão, realiza-se no próximo dia 4 de
Novembro (sexta-feira), pelas 10:30 horas, uma conferência de
imprensa na Estação dos Caminhos de Ferro da Beirã – Marvão,
“onde estarão presentes os autarcas portugueses e espanhóis que
representam os municípios abrangidos” pela anunciada decisão do
Governo português de desactivar o Ramal de Cáceres, o “que
contribuirá para a desertificação do interior dos dois países”,
como refere um comunicado da Autarquia marvanense.
“O
comboio faz parte da história do nosso concelho há 131 anos, o que
tanto orgulha e caracteriza o concelho de Marvão e a freguesia de
Beirã”.
Ao que o NCV conseguiu apurar, da Câmara Municipal de Castelo de Vide estará presente o seu Vice-presidente, António Pita.
Ao que o NCV conseguiu apurar, da Câmara Municipal de Castelo de Vide estará presente o seu Vice-presidente, António Pita.
“Decisões
meramente economicistas”
“É nosso objectivo
evitar novamente o fecho de mais um serviço, e consequentemente o
isolamento e desertificação de uma das zonas mais desfavorecidas do
Alentejo. Mais uma vez o interior é esquecido e prejudicado pelas
tomadas de decisões meramente economicistas”.
“O
governo português pretende no final do ano desviar (via fronteira de
Vilar Formoso) o comboio “Lusitânia Comboio Hotel” que faz a
ligação Lisboa – Madrid e desactivar o Ramal de Cáceres, a
manter-se este cenário e tratando-se de um comboio internacional, é
sem dúvida uma grande perda para a freguesia de Beirã, concelho de
Marvão e todo o distrito de Portalegre, uma vez que é um comboio
com serviço comercial na estação de Marvão – Beirã que serve
todo distrito de Portalegre, pelos turistas que traz para Portugal e
que, por vezes, permanecem no distrito. Para além disso é muitas
vezes este o comboio que os passageiros do dia-a-dia utilizam para se
deslocarem, uma vez que não existe serviço regional de passageiros
no ramal de Cáceres”.
“A
manter-se esta decisão as estações de Marvão – Beirã, Valência
de Alcântara, Navalmoral de la Mata e Talavera de la Reina ficam sem
este serviço ferroviário de elevada qualidade”.
A estação de Castelo de Vide. |
“Isolamento,
desertificação e empobrecimento da região”
“Tendo
em conta as directrizes da União Europeia que apontam para uma
promoção cada vez maior do transporte ferroviário por este ser
mais ecológico e mais económico, não entende-mos as políticas
adoptadas pelo actual governo, que apenas tem em consideração a
vertente económica / rentabilidade, promovendo assim o isolamento, a
desertificação e o empobrecimento da região, ainda mais num
momento de crise económica e social, a que se junta o elevado custo
dos combustíveis e as portagens nas auto-estradas, ou seja, as
medidas anunciadas pelo actual governo em relação à desactivação
do Ramal de Cáceres são inaceitáveis e com graves impactos
económicos e sociais para os utentes e para o desenvolvimento da
região, é preciso não esquecer que o Nordeste Alentejano é das
regiões mais pobres e sacrificadas do País em termos de
investimento público, não nos parece justo e correcto que o estado
mais uma vez descrimine o Alentejo para baixar o endividamento,
porque a manter-se esta decisão da desactivação do Ramal de
Cáceres estamos perante um erro irreparável, porque mais uma vez
também aqui o estado toma a decisão mais simples, mais cómoda, que
é sempre o de fechar serviços”.
Ramal
de Cáceres como eixo alternativo?
“Entendemos sim, que
o Ramal de Cáceres, deve ser potencializado e encarado como um eixo
alternativo às actuais (e futuras) ligações internacionais
ferroviárias, que são escassas, permitindo a fluidez e o aumento
dos fluxos internacionais de mercadorias e de passageiros”.
“Foram investimentos
feitos no passado que devem ser potencializados e não encerrados, e
que devem ser colocados ao serviço das populações e das economias
regionais e nacionais. Acresce, por outro lado, que este ramal pela
beleza das suas paisagens e estações tem potencialidades turísticas
que deveriam ser aproveitadas e não anuladas”.
130
anos de história
“A
ligação por via-férrea entre as duas capitais peninsulares ficou
estabelecida em 1 de Outubro de 1866. Era porem longo o percurso a
percorrer, visto este fazer-se através da fronteira de Elvas. Aliás,
o enlace com Madrid foi uma das primeiras preocupações dos
pioneiros do caminho-de-ferro.
Desde
logo se pensou em encurtar a distância por via-férrea entre Lisboa
e Madrid, com este propósito, iniciaram-se no ano de 1878 os
trabalhos de construção de um novo troço de linha férrea, o qual,
separando-se da Linha do Leste em Torre das Vargens, viria a
entroncar na rede ferroviária do país vizinho na estação de
Arroyo – Malpartida, na província de Cáceres e próximo desta
cidade, a qual veio a dar o nome ao novo ramal:“Ramal de Cáceres”.
No
lado português, a extensão deste ramal é de 72,4 km.
A
inauguração oficial até a estação de Marvão – Beirã
efectuou-se em 6 de Junho de 1880, do lado espanhol a construção
demorou algo mais, pois só em 1881 o caminho-de-ferro chegou a
Valência de Alcântara.
A
partir de então, este itinerário tem constituído a principal união
ferroviária entre Portugal e Espanha.
A
verdade é que a distância mais curta entre Lisboa – Madrid é
feita através do Ramal de Cáceres!”. ©
NCV
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