Dando início a um ciclo de debates
promovidos pelo Jornal
Alto Alentejo , o Castelo de Alter foi palco de um colóquio
subordinado à temática da Coudelaria de Alter, uma instituição milenar e de
incomensurável importância para uma região cada vez mais empobrecida e desertificada.
“Alto Alentejo tem futuro” foi a designação
escolhida para este ciclo de debates que, desta feita, contou com a colaboração
do Município e do Mensageiro de Alter.
Moderado por Manuel Isaac Correia e por Monsenhor
Paulo Dias, o debate arrancou com uma dissertação histórica e patrimonial sobre
a Coudelaria pelo arqueólogo, investigador e professor da Universidade de
Évora, Jorge de Oliveira, que deu conta do riquíssimo património intrínseco a
esta instituição, cuja origem remota há oito mil anos.
Seguiu-se uma intervenção inicial de
Bernardo Alegria, representante dos fundadores no Conselho de Administração da
Fundação Alter Real (FAR), que clarificou a actual situação económica e
administrativa da instituição, que continua ser ver constituído o seu Conselho
de Administração.
Múltiplos
intervenientes
O debate continuou ao longo da tarde com as
intervenções de Hemetério Cruz, presidente da Assembleia Municipal de Alter (e
ex-presidente de Câmara); Carlos Crespo, empresário parceiro da Coudelaria no
âmbito da falcoaria; António Carlos Correia, sindicalista e funcionário da
Coudelaria; João Costa Ferreira, ex-director da Coudelaria e ex-presidente do
Serviço Nacional Coudélico; Galinha Barreto, ex-Governador Civil do distrito de
Portalegre; Paulo Cardoso, coordenador do Bloco de Esquerda; Fernando
Carmosino, coordenador da DORPOR do PCP e presidente da Assembleia Municipal do
Crato; António José Baptista, delegado distrital do CDS; Jorge Martins,
presidente da Federação Distrital do PS, presidente da Câmara do Gavião e
ex-presidente da Associação de Municípios; Francisco Roxo, professor da
Universidade Católica Portuguesa e gestor de empresas públicas e privadas; José
Tirapicos Nunes, em representação do Reitor da Universidade de Évora; Augusto
Gouveia, em representação do IPP; Armando Varela, presidente da Câmara de
Sousel e da Comunidade Intermunicipal do Alto Alentejo (CIMAA); Pedro Marques,
deputado do PS pelo Círculo de Portalegre; Cristóvão Crespo, deputado do PSD
pelo Círculo de Portalegre e presidente da Distrital do mesmo partido; Ceia da
Silva, presidente da Entidade Regional de Turismo do Alentejo; e Joviano
Vitorino, presidente do Município de Alter e, por inerência, membro do Conselho
de Administração da FAR.
Uma
causa que transcende fronteiras…
Ao final das comunicações seguiu-se o
debate, que contou com intervenções do presidente da Câmara do Crato, João
Teresa Ribeiro, bem como de várias pessoas que fizeram questão de sublinhar a
sua preocupação com uma causa que transcende as fronteiras de Alter e do
distrito de Portalegre.
Longe de ser unânime, a discussão abordou
várias problemáticas inerentes ao passado, presente e futuro da Coudelaria. O
modelo de gestão foi bastante debatido, sendo que grande parte dos oradores
defendeu um regresso aos moldes anteriores à constituição da FAR que, na
opinião da maioria dos intervenientes, só comprometeu o funcionamento da
instituição.
Laboratório
de Genética Molecular
Apesar de o futuro da Coudelaria não estar
em causa ficou no ar o receio da perda de algumas valências, nomeadamente o
Laboratório de Genética Molecular, uma das pérolas da instituição.
Várias vozes defenderam que tanto a
Associação Portuguesa do Cavalo Puro Sangue Lusitano como a Escola Portuguesa
de Arte Equestre deveriam ser deslocalizadas para Alter.
Estado
deve assumir um papel preponderante
Unânime foi a opinião de que,
independentemente do modelo de gestão, o Estado deve assumir um papel
preponderante na vida da Coudelaria, que deve ser gerida por personalidades com
bom senso, capacidade de gestão e, principalmente, reconhecido know-how sobre o
mundo rural.
A grande maioria dos intervenientes
defendeu que enquanto a instituição continuar a ser gerida sob a égide de jogos
políticos, nomeando personalidades do partido que está no poder, a Coudelaria
nunca se poderá afirmar como o projecto âncora que toda a região deseja que
esta realmente seja. © AA/NCV
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