21 de maio de 2014

Prémio FNSE 2014 atribuído
na área da arquitectura para invisuais
ao arquitecto Carlos Mourão Pereira


Foi ontem anunciada em Lisboa a atribuição pela primeira vez do Prémio Fundação Nossa Senhora da Esperança de 2014 ao Doutor Arquitecto Carlos Tomás Mourão Soares da Costa Pereira.
O anúncio foi feito numa cerimónia formal que teve lugar nas instalações do Museu de Engenharia Civil no Instituto Superior Técnico em que usaram da palavra João Palmeiro, presidente do Conselho de Administração da Fundação, o Professor Doutor Augusto Deodato Guerreiro, que como representante do Júri fez a apresentação e o elogio do premiado, e finalmente o próprio galardoado, que agradeceu a distinção.
A decisão foi tomada por um Júri independente constituído para o efeito por aquela Fundação e que integra personalidades como o Professor Doutor Rui Vieira Nery, o Doutor Carlos Ferreira, o Professor Doutor Augusto Deodato Guerreiro, o Professor Doutor Francisco Sepúlveda Teixeira, e o Doutor José Luis Porfírio.
“Elevado mérito científico”
Na sua decisão os jurados tiveram em consideração o “elevado mérito científico” do conjunto dos seus trabalhos inovadores na área da arquitectura para invisuais e como reconhecimento do seu vasto currículo como investigador e docente universitário reconhecido nacional e internacionalmente e que a partir de 2006 se centrou naquela problemática.
Foi nomeadamente tida em consideração a tese de doutoramento deste investigador , orientada pela Profª Doutora Teresa Valsassina Heitor, ele próprio invisual, sobre “A dimensão multi-sensorial da Arquitectura – Uma abordagem qualitativa ao espaço balnear marítimo centrada na invisibilidade”. 
Trata-se, segundo o júri de uma investigação que globalmente contribui de modo original para o aprofundamento do conhecimento sobre a problemática da relação entre o espaço balnear marítimo e o seu uso, quer por utilizadores cegos ou de baixa visão, quer por utilizadores normovisuais”.
Entrega a 20 de Julho em Castelo de Vide
De acordo com o Conselho de Administração da Fundação, o prémio agora anunciado no Museu de Engenharia Civil do Instituto Superior Técnico em Lisboa será entregue formalmente em cerimónia marcada para 20 de Julho em Castelo de Vide onde a instituição tem a sua sede e mantém a sua actividade.
Instituído em 2013, o Prémio FNSE será atribuído de 3 em 3 anos e visa distinguir uma individualidade (pessoa singular ou colectiva) que pelo seu pensamento ou acção tenha contribuído para a construção de uma sociedade que valoriza especialmente o respeito pela diferença e diversidade como valor essencial da condição humana, através de obras, trabalhos e carreiras com valor cultural ou cientifico de reconhecido mérito na sociedade.
Fundada em 20 de Julho de 1863 em Castelo de Vide, onde mantém a sua sede e actividades, inicialmente com a denominação de Asilo de Cegos de Nossa Senhora da Esperança, a instituição criou e desenvolveu aquele que foi considerado como a primeira escola profissional para cegos em Portugal e ainda hoje – sob a designação de Fundação - mantém a tiflologia como uma das suas valências estatutárias embora tenha alargado a sua actividade a outras respostas sociais de acordo com a evolução das circunstâncias locais e da sociedade. © NCV
Quem é o arquitecto Carlos Mourão Pereira
Carlos Mourão Pereira nasceu em Lisboa em 1970.
Licenciou-se em Arquitetura na Faculdade de Arquitetura da Universidade Técnica de Lisboa, com a distinção do Prémio Comendador Joaquim Matias, em 1997. Iniciou atividade em 1991, tendo colaborado com Aires Mateus, Carrilho da Graça, Costa Cabral e Gonçalo Byrne, em Lisboa, com Toni Geser, em Zurique, e com Renzo Piano, em Génova.
Desenvolve atividade em atelier próprio desde 1998, tendo o seu trabalho sido publicado e apresentado em seminários e conferências, em universidades europeias, no Metropolitan Museum of Art, em Nova Iorque, na Exposição Mundial de Saragoça e no Centro Húngaro de Arquitetura Contemporânea, em Budapeste.
Lecionou Projeto na Licenciatura em Arquitetura da Universidade da Beira Interior, na Covilhã, em 2005/2006 e no Mestrado Integrado em Arquitetura no Instituto Superior Técnico, em Lisboa, de 2003 a 2008.
Defendeu a sua Tese de Doutoramento em Arquitetura no Instituto Superior Técnico.
Em 2006 ficou cego, não tendo interrompido a sua atividade profissional ao nível da formação, docência e prática arquitetónica.
o de uma sociedade que valoriza especialmente o respeito pela diferença e diversidade como valor essencial da condição humana, através de obras, trabalhos e carreiras com valor cultural ou cientifico de reconhecido mérito na sociedade.

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