13 de outubro de 2018

Cristovam Pavia morreu faz hoje 50 anos



Poema “Litania Da Rua Dos Fanqueiros” dito por José Maria Alves
Cristovam Pavia, pseudónimo literário de Francisco António Flores Bugalho morreu faz hoje 50 anos em Lisboa. Tinha acabado de completar 35 anos de idade pois nascera em Lisboa a 7 de Outubro de 1933.
Francisco António Flores Bugalho viria a revelar a seu valor intelectual no campo das letras, como poeta, assinando com o pseudónimo "Cristovam Pavia".
Tímido e introvertido por natureza, mas dotado desde novo de notável apetência para as coisas do espírito, era filho do Dr. Francisco José Lahmeyer Bugalho e de Guilhermina Mimoso Flores Bugalho, neto paterno de Francisco José Bugalho e de Sofia Lahmeyer Bugalho, e materno do Prof. Dr. António Pereira Flores e de Cecília Baptista Mimoso Flores.
Recebeu o sacramento do baptismo na Igreja da Senhora da Luz, junto à quinta dos seus avós maternos, em Castelo de Vide, a 2 de Janeiro seguinte, ministrado pelo Padre Severino Dinis Porto, sendo seus padrinhos o avô materno e Maria Vicência Bugalho Mouta.
Licenciou-se em filologia Germânica na Faculdade de Letras de Lisboa em 1955. Cristovam Pavia publicou "Trinta e Cinco Poemas", o único livro de poemas em sua vida.
Em 1982, já muito depois da sua morte (em 1968), e por iniciativa da família e de amigos, foi publicado um livro com esses 35 poemas, mas acrescentado dos «poemas esparsos» e dos «poemas inéditos». Esse o livro foi reeditado no final de 2010 pela Editora D. Quixote, desta vez com uma ordem que os estudiosos do autor consideraram ser mais correcta. Com 288 páginas, o novo volume intitula-se “Poesia” e inclui 8 textos inéditos.
Mais recentemente - já este ano – surgiu uma nova reedição (ampliada) com o título “35+15 Poemas” (ver notícia AQUI). © DSCordeiro/NCV
Foto © A. Cruz/NCV
REQUIEM 
(ao menino morto, eu próprio) 
A tarde declina com uma luz ténue.
Estou grave e calmo.
E não preciso de ninguém
Nem a luz da tarde me comove: entendo-a.
Até as imagens me são inúteis porque contemplo tudo.

Os ventos rodam, rodam, gemem e cantam
E voltam. São os mesmos.
Como os conheço desde a infância!
E a terra húmida das tapadas da quinta...
O estrume da égua morta quando eu tinha seis anos
Gira transparente nesta brisa fria...
(Na noite gotas de orvalho sumiam-se sob as folhas das ervas)
Oh, não há solidão, nas neblinas de inverno
Pela erma planí­cie...

E foi engano julgar-te morto e tão só nas tapadas em silêncio...

Agora sei que vives mais
Porque começo a sentir a tua presença, grande como o silêncio...
Já me não vem a vaga tristeza do teu chamamento longí­nquo
Já me confundo contigo.
Cristovam Pavia


Poema “Ao meu cão Fixe” dito por José-António Moreira.

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