19 de novembro de 2018

Grupo de Amigos de Castelo de Vide associou-se à campanha pública pela institucionalização a 23 de Maio do Dia da Memória das Vítimas da Inquisição

O Grupo de Amigos de Castelo de Vide associou-se, no quadro do Projeto “Entre Diálogos – Evocação de Garcia d'Orta nos 450 anos da sua morte”, à campanha pública pela institucionalização do Dia da Memória das Vítimas da Inquisição, apoiando a Petição Pública para instituir o dia 23 de Maio como o dia em memória das vítimas da Inquisição. Esta petição pode ser assinada AQUI.
A petição inclui ainda a sugestão de instalar um Memorial às Vítimas da Inquisição frente ao Teatro Nacional D. Maria II, local onde funcionou o Tribunal da Inquisição de Lisboa (outrora palácio dos Estaus, edifício destruído por um fogo no século XIX).
Por ter sido estabelecido em Portugal pela bula papal "Cum ad nil magis" em 23 de Maio de 1536, foi justamente este o dia escolhido para recordar as milhares de vítimas deste tribunal - personalidades e anónimas - que vigorou entre nós durante quase três séculos (1536-1821).
Os considerandos e as bases da petiçãoA petição à Assembleia da Repúblca considera “que é tempo de se assumir abertamente o papel negativo da Inquisição em Portugal e nas ex-colónias, especialmente o Brasil, e honrar e preservar a memória de centenas de milhares de portugueses que sofreram, direta ou indiretamente, a sua perseguição”.
“Apesar de a Inquisição ter vigorado em Portugal durante quase três séculos (1536-1821), a maioria da população portuguesa não faz ideia da dimensão perniciosa da sua ação social, religiosa, cultural, científica, económica e mental. O “Santo Ofício”, como a Inquisição se auto intitulava, foi estabelecido para prender e castigar os judeus que tinham sido batizados contra a sua vontade em 1497, embora acabasse por também perseguir outras vítimas, tais como: muçulmanos, protestantes, ateus, homossexuais, feiticeiras e bígamos. Uma das principais razões para o esquecimento ou mitigação das vítimas da Inquisição foi a sua exclusão pela ditadura portuguesa (1926-1974) dos programas escolares. Mas, a democracia que lhe sucedeu ainda não deu a importância que devia ter dado no sentido da preservação da memória dessa instituição e das suas vítimas”.
Centenas e milhares de vítimas, mais de 80% judeus
“Na verdade, foram cerca de 45.000 os processos dos vários tribunais da Inquisição: especialmente os de Évora, Lisboa, Coimbra e Goa, mas também os do Porto, Lamego e Tomar, apesar da sua efémera duração. Se multiplicarmos esse número pelos seus parentes e descendentes, que foram espoliados dos seus bens, discriminados social, cultural, económica e religiosamente, milhares deles forçados ao desterro nas terras tolerantes, em particular para com os judeus, que foram mais de 80% dos processados, ascende a centenas de milhares o número das vítimas. E não restam dúvidas de que, além da perda das potencialidades, conhecimentos científicos, virtudes culturais e exercício de atividades em que sempre foram os nossos melhores, como a medicina, a astronomia e a finança e que foram enriquecer os países que os acolheram, Portugal ficou afetado por uma vida dominada pelo medo, que a Inquisição impôs nesse tempo e que nos ficou como um lastro duradouro”. © NCV

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