Fotos © D.R./NCV |
Estes concertos, editados em Londres em 1741, nunca foram nem tocados em público nem devidamente reconhecidos. A edição em causa estava repleta de falhas e omissões, facto que contribuiu também para o esquecimento e abandono das mesmas, apesar da vaga notícia de sua existência.
Durante a semana passada (de 3 a 5) reuniram-se 17 estudiosos de música antiga e músicos de “primeira água”, oriundos de Portugal, Itália, França e Espanha, Brasil, Uruguai, para concretizarem a primeira gravação mundial desses cinco “Concertos Grossos Para Orquestra” que será distribuída em forma de CD.
Este trabalho foi iniciado por João Paulo Janeiro em 2008 e reforçado pela integração progressiva de especialistas em que se destacam Lorenzo Colitto, Jean-Marc Faucher, Marecelo Scandelli e Yannick Varlet, que durante mais de uma década reconstituíram criteriosamente as partituras em causa.
Após edição este CD será convenientemente lançado ao público, ficando esta obra importantíssima obra para sempre ligada a Castelo de Vide.
Michael Leodolter e o barroco
Há mais de um ano que Tiago Malato e João Paulo Janeiro partilham ideias para o reforço e integração da música e desenvolvimento territorial e artístico, implicando em particular o Alto Alentejo.
A ação consubstancia-se através da Associação Michael Leodolter (em desenvolvimento), centrada em Castelo de Vide, que se dedica às áreas de interesse do seu patrono, onde o barroco assume importância particular.
Trabalho de recuperação durou 14 anos
No início do concerto, Tiago Malato enunciou sucintamente quer os apoios que tornaram possível esta gravação em Castelo de Vide e o próprio concerto após 14 anos de estudo e trabalho de recuperação de partituras para “trazer à luz, revelar, esclarecer, honrar o passado construindo futuros. Partilhar. São valores que hoje comemoramos nesta homenagem a Nuno Teotónio Pereira”.
O exemplo e a inspiração cívica de um “arquiteto maior”
Para Tiago Malato, “Nuno Teotónio Pereira, arquiteto maior, é simultaneamente uma figura maior para muitos que nele tomaram exemplo e inspiração cívica. O Nuno era exemplo de verdade e comunhão, não lhe assistindo o cinismo. Foi um combatente corajoso de todas as horas, pela emancipação humana”.
“Homem de Fazer, de escutar e de promover encontros, cultuava a partilha de ação e o trabalho de equipa, não sendo de todo tocado pela vaidade ou pelo culto da personalidade”.
“A sua obra acontece entre a arquitetura, e a ação cívica, de quem o Nuno se fez sempre instrumento”.
“Sonhou e trabalhou ativamente na defesa das formas e dimensões de habitar dignas e acessíveis a todos sem exceção, ou não fosse a habitação e o habitar os territórios, um direito maior de cidadania”.
“Antes e depois do 25 de Abril o Nuno investiu inteiro na construção da democracia participada em que acreditava, nunca vacilando ou se acomodando a outros valores que a verdade e a conquista da liberdade e da emancipação comunitária. Os outros, sempre foram a sua maior motivação”.
“O combate pela emancipação, pela escuta do outro, pela simplicidade, pela memória, e pelo desenvolvimento comum, continua e é, hoje mais que ontem, necessário”.
“No Mundo, na Europa, no país e no Alto Alentejo.
Que o seu exemplo de verdade ao serviço “dos outros”, nos sirva a todos, de incentivo e orientação”. © NCV
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