15 de fevereiro de 2008

Fundação Alentejo Terra-Mãe expõe
“O Renascimento do Tapete de Arraiolos”

Entre 28 de Fevereiro e 20 de Março o Salão de Exposições da Fundação Alentejo-Terra Mãe, em Évora, vai receber a exposição “O Renascimento do Tapete de Arraiolos”, promovida por Alfredo Barbeiro.
Recuperando as tradições da manufactura de bordados de Arraiolos, com mais de 400 anos, constituíram-se na década de dez do século passado, as bases do renascimento do actual Tapete de Arraiolos.
Este sublime trabalho feito por Jacinta Leal Rosado e reconhecido em 1930, pelo então Presidente da República através do Grau de Comendador da Ordem de Mérito Agrícola e Industrial, será agora lembrado em parte, através desta exposição.

A Exposição contará com a apresentação de uma dúzia de peças de tapeçaria de Arraiolos do princípio do século XX.

A inauguração da exposição será no dia 28 de Fevereiro pelas 17.30 horas, e poderá ser visitada das 3ª feiras aos Sábados entre as 10 e as 13horas e das15 às18 horas; aos Domingos o horário é das 10 às 13 horas.

Breve História do Tapete de Arraiolos

Contrariamente aos tapetes orientais e aos espanhóis, manufacturados pelo processo de nozinhos feitos com lã fina presos em volta dos fios longitudinais do tear, os tapetes de Arraiolos utilizam a técnica do bordado a fios contados.

Característica clássica de todos os tipos de tapete de Arraiolos é a divisão do mesmo em 4 partes. O desenho divide-se pelo centro, campo, barra e circundado por uma franja.
Durante a sua evolução histórica o tapete de Arraiolos conhece, pelo menos, três fases ou épocas quanto aos elementos decorativos usados. Durante o século XVI surgem os primeiros tapetes bordados que se conhecem. Os motivos usados são claramente baseados nos tapetes orientais e o vermelho é a côr dominante. No século XVII surge a segunda época, em que se começaram a misturar os motivos orientais com uma variedade de animais estilizados como aves de capoeira, animais de estimação, veados, etc. Alguns dos exemplares mostram claramente influências dos tapetes do levante espanhol, franceses (flor de lis) e alemães (águia bicéfala), sendo que os motivos de inspiração oriental foram desaparecendo.
Já no século XVIII, considerada a terceira época, o mundo de ornatos que animaram as reproduções anteriores dão lugar aos ramos de flores, em geral sobre fundos claros ou azuis. No século XIX não houve praticamente qualquer produção de tapetes em Arraiolos digna de nome.

Por estranho que pareça, não há qualquer investigação sobre os corantes usados para tingir as lãs dos tapetes antigos. Sabe-se recentemente que já no período da ocupação moura se tingia lã em grande escala em Arraiolos, como o provam a recente redescoberta de 95 talhas encravadas na rocha que se encontram na praça central da vila.
Sabe-se que o azul se obtém a partir do índigo de que a Índia foi o grande produtor, principalmente a partir da espécie vegetal Indigofera tinctoria. Já o vermelho pode ter várias origens desde um insecto (Cochinilha), passando por uma raiz (Erva ruiva) ou uma árvore (Pau Brasil). Provavelmente todas estas origens foram usadas para colorir os tapetes de Arraiolos antigos.
© NCV

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