Com
a saída dos resultados dos exames nacionais, o ano lectivo já
chegou ao fim para a maioria dos alunos das escolas de Portugal. O
calor aperta e é hora de retemperar energias. Respira-se já no ar o
sabor a férias e aspira-se a uma piscina; uma praia; uma bebida
fresca, numa esplanada ao final da tarde ou quem sabe!
No
entanto, a calmaria das fachadas das escolas contrasta e faz inveja a
quem está lá dentro. Entre portas assiste-se ao frenesim das actas;
das pautas; das matrículas, enfim. Os professores cruzam-se nos
corredores com as pilhas de papel dos Decretos e dos relatórios,
enquanto outros suam horas numa sala onde decorre mais uma reunião.
Alguns mantêm-se ocupados com a preparação das aulas dos alunos
mais velhos, que ainda irão decorrer até ao final de Julho, ou com
as exaustivas correcções dos seus trabalhos. Outros suspiram, a
braços com mais uma distribuição de serviço que parece teimar em
não chegar ao fim, ansiando pelo tão esperado descanso das férias.
É
assim a Escola no final do ano lectivo: serena por fora, mas muito
agitada e nervosa por dentro.
Foi
precisamente no meio desta azáfama, tentando encontrar a inspiração
certa para redigir mais um relatório de actividades, que assolaram
ao meu pensamento as caras de algumas pessoas, exteriores à escola,
que por aqui passaram. Anónimas, descomprometidas, mas de coração
aberto para dar alma, gratuitamente, a mais um projecto. Para
alimentarem mais uma actividade e servirem aqueles que moram no
pensamento e preocupações dos professores, os alunos. Falo, neste
caso específico, das pessoas que colaboraram comigo na dinamização
das actividades do Projecto de Educação para a Saúde, o qual sou
incumbida de coordenar já há mais de três anos.
Para
quem não sabe, desde 2005,
altura em que foi aprovado o Programa Nacional de Saúde Escolar,
ficou deliberado que a Educação para a Saúde deveria ser
considerada obrigatória em todos os estabelecimentos de ensino,
passando o Ministério da Educação a designar as seguintes áreas
como prioritárias: Alimentação e actividade Física; Consumo de
substâncias Psicoactivas; Sexualidade e Infecções Sexualmente
Transmissíveis e Saúde mental/ violência. Há três anos atrás,
em Junho de 2009, a Assembleia da Republica
Portuguesa aprova uma nova Lei, que dispõe a obrigatoriedade da
existência de programas regulares de educação sexual nas escolas
em todos os níveis de ensino, com conteúdos e tempos obrigatórios
de cumprir.
Tudo
isto impôs um esforço acrescido para as escolas, que no meio de
tantas obrigações, tiveram que se organizar para cumprir todas
estas exigências, sem comprometer os currículos normais das
disciplinas. Desta forma, os projectos em torno das temáticas da
saúde foram tomando forma com subtileza. O cumprimento dos programas
e o desenvolvimento dos currículos seguiram o seu curso normal, mas
as actividades com os alunos cresceram, acompanhadas de um esforço
logístico considerável. Este ano lectivo lutámos contra o
constrangimento do corte de verbas e imperou a velha máxima à
Portuguesa de tentarem-se fazer omeletas sem ovos.
Foi
neste contexto, que contámos com a ajuda preciosa e profissional da
Farmácia Freixedas, representada pela nutricionista Inês Tavares,
que dinamizou sessões específicas com os alunos de cada turma, em
torno da questão da alimentação equilibrada e saudável. Também
não podemos esquecer a dentista Holandesa Jessica Swartberg do
consultório Dente de Leão, que a troco de uns sorrisos bonitos, se
deslocou inúmeras vezes à escola, para ensinar os alunos a escovar
correctamente os dentes e para despistar eventuais cáries.
Igualmente, é preciso lembrar a disponibilidade da Dra. Sandra Pinto
e da Dra. Raquel Calado, da Farmácia Roque, que todos os anos se
disponibilizam para fazer acções de sensibilização com os alunos.
Também não podemos esquecer o altruísmo e simpatia dos terapeutas
do Projecto Homem de Abrantes, assim como dos seus acompanhantes. Por
fim, mas não em último, é importante frisar o empenho e
disponibilidade dos técnicos do Centro de Saúde de Castelo de Vide,
representados pela enfermeira Isabel Carvalho, que, já de há
bastante tempo para cá, têm sido incansáveis no apoio prestado à
escola e ao Projecto de Educação para a Saúde, intervindo com
sessões específicas junto dos alunos do Agrupamento.
Para
o ano há mais Educação para a Saúde.
Em
Setembro próximo, todas estas pessoas tornarão a colaborar
connosco, a troco do nosso reconhecimento e satisfação dos nossos
alunos.
A
todas elas, que contribuíram para promover comportamentos mais
saudáveis e melhor qualidade de vida, nos miúdos e nos graúdos, um
grande obrigada.
Ana
Cerdeira
1 comentário:
Vida de professor não é fácil...! Todos os meus colegas me perguntam porque fui eu para a GNR tendo uma licenciatura em Ensino. Que tinha os fins de semana todos, que me pagavam mais, que tinha 3 meses de férias, etc. Tenho sempre que responder: pois férias de 3 meses só para os alunos; fins de semana em casa a preparar a semana de aulas ou a corrigir trabalhos e testes, pagar mais só se tivesse um horário completo ou tivesse efectiva, o que nesta altura é muito difícil. Já lá vai o tempo em que um professor era um "LORD" agora é tratado abaixo de cão. Ninguém dá valor ao trabalho de um professor. Só tenho pena, por vezes, em assistir nas notícias o desempenho degradante que certos professores têm com os seus alunos, enquanto há muitos dos que que estão no desemprego à espera de uma oportunidade para poderem dar o melhor aos alunos. Por fim mas não menos importante, é o facto de que certos professores, os bons professores, fazem dos alunos, miúdos melhores e que cresçam com maturidade suficiente para encarar a vida da melhor maneira. Os bons professores não pensam só no ordenado ao fim do mês, mas sim, na formação e educação dos seus alunos. Sim porque o professor não forma apenas. Educa! Infelizmente há pais que não querem saber dos seus filhos e as suas "bases" já não são firmes o suficiente. Lá vai o bom professor educar o pai ou mãe para que não se "perca" um miúdo e um futuro graúdo.
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