Os monumentos megalíticos
da área do concelho de Castelo de Vide são desde há muito
valorizados, não só pela sua abundância, como também pela riqueza
do respectivo espólio e arquitectura, pelo que contribuíram,
decisivamente, para o conhecimento do fenómeno tumular megalítico
do Alto Alentejo e da Península Ibérica em geral.
No contexto de um
projecto de valorização turística e cultural da área envolvente
da albufeira da barragem de Póvoa e Meadas, a Câmara Municipal de
Castelo de Vide decidiu proceder à escavação e estudo de mais um
destes monumentos do Concelho, a Anta dos Currais do Galhordas, na
freguesia de S. João Baptista.
Nestes trabalhos,
coordenados por Sérgio Monteiro-Rodrigues, docente da Faculdade de
Letras da Universidade do Porto, participam alunos do Mestrado em
Arqueologia da mesma Faculdade Daniela Ferreira e Filipe Vaz,
funcionários do Serviço de Arqueologia da Câmara Municipal de
Castelo de Vide, João Magusto, Nuno Félix, José Bica, bem como
outros colaboradores, casos de Conceição Filomeno e João Rosado -
"Becha".
Apesar de mal conservada
e com claras perturbações estratigráficas, foi possível até ao
momento identificar estruturas pétreas que definem o corredor da
anta, assim como a base de um esteio da câmara, que se encontra
fracturado. Deste modo, tratar-se-á de uma anta de câmara
poligonal, definida por seis esteios, com corredor possivelmente
longo. A laje de cobertura, apesar de estar junto ao monumento,
encontra-se tombada.
A presença de uma moeda
antiga (a sua cronologia será determinada após limpeza) num nível
relativamente profundo do corredor da anta confirma eventuais
violações por parte de “caçadores de tesouros”, ou então
entradas no interior do monumento em períodos pós pré-históricos.
Entre os materiais
arqueológicos até agora recuperados destacam-se objectos em pedra
lascada e em pedra polida (por exemplo, lâminas e machados,
respectivamente), fragmentos de cerâmica pré-histórica e alguns
fragmentos de placas de xisto gravadas. De um modo muito genérico,
estes artefactos poderão remeter a anta para os finais do Neolítico/
incícios do Calcolítico. Todavia, apenas com datações absolutas
será possível obter uma cronologia mais precisa.
Os trabalhos que se
encontram agora em curso enquadram-se numa lógica de desenvolvimento
científico, turístico e regional, implicando a conservação e
musealização de sítios arqueológicos, bem como a sua integração
em redes de articulação entre património cultural e património
natural. ©
GCP/NCV (texto e fotos)
2 comentários:
Bom trabalho!
Abraço para o Sérgio aqui a partir do Recife, Brasil!
Amanhã sigo de avião para ver as pinturas rupestres do Parque da Capivara!
Vítor
Muitos Parabéns pelo inigualável trabalho!
Muito nos orgulha Prof. Dr. !!!
Um beijo enorme
EN
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