22 de setembro de 2011

Primeiros resultados da campanha de escavação
na Anta dos Currais do Galhordas






Os monumentos megalíticos da área do concelho de Castelo de Vide são desde há muito valorizados, não só pela sua abundância, como também pela riqueza do respectivo espólio e arquitectura, pelo que contribuíram, decisivamente, para o conhecimento do fenómeno tumular megalítico do Alto Alentejo e da Península Ibérica em geral.
No contexto de um projecto de valorização turística e cultural da área envolvente da albufeira da barragem de Póvoa e Meadas, a Câmara Municipal de Castelo de Vide decidiu proceder à escavação e estudo de mais um destes monumentos do Concelho, a Anta dos Currais do Galhordas, na freguesia de S. João Baptista.
Nestes trabalhos, coordenados por Sérgio Monteiro-Rodrigues, docente da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, participam alunos do Mestrado em Arqueologia da mesma Faculdade Daniela Ferreira e Filipe Vaz, funcionários do Serviço de Arqueologia da Câmara Municipal de Castelo de Vide, João Magusto, Nuno Félix, José Bica, bem como outros colaboradores, casos de Conceição Filomeno e João Rosado - "Becha".
Apesar de mal conservada e com claras perturbações estratigráficas, foi possível até ao momento identificar estruturas pétreas que definem o corredor da anta, assim como a base de um esteio da câmara, que se encontra fracturado. Deste modo, tratar-se-á de uma anta de câmara poligonal, definida por seis esteios, com corredor possivelmente longo. A laje de cobertura, apesar de estar junto ao monumento, encontra-se tombada.
A presença de uma moeda antiga (a sua cronologia será determinada após limpeza) num nível relativamente profundo do corredor da anta confirma eventuais violações por parte de “caçadores de tesouros”, ou então entradas no interior do monumento em períodos pós pré-históricos.
Entre os materiais arqueológicos até agora recuperados destacam-se objectos em pedra lascada e em pedra polida (por exemplo, lâminas e machados, respectivamente), fragmentos de cerâmica pré-histórica e alguns fragmentos de placas de xisto gravadas. De um modo muito genérico, estes artefactos poderão remeter a anta para os finais do Neolítico/ incícios do Calcolítico. Todavia, apenas com datações absolutas será possível obter uma cronologia mais precisa.
Os trabalhos que se encontram agora em curso enquadram-se numa lógica de desenvolvimento científico, turístico e regional, implicando a conservação e musealização de sítios arqueológicos, bem como a sua integração em redes de articulação entre património cultural e património natural. © GCP/NCV (texto e fotos)

2 comentários:

Vitor Oliveira Jorge disse...

Bom trabalho!
Abraço para o Sérgio aqui a partir do Recife, Brasil!
Amanhã sigo de avião para ver as pinturas rupestres do Parque da Capivara!
Vítor

1/2 disse...

Muitos Parabéns pelo inigualável trabalho!

Muito nos orgulha Prof. Dr. !!!

Um beijo enorme

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