“De acordo com o Plano Estratégico dos
Transportes, profusamente divulgado na comunicação social, pretende o Governo,
a partir do dia 1 de Janeiro de 2012, suprimir as ligações regionais na linha
do Leste e encerrar o ramal de Cáceres.
Em relação à supressão do serviço de passageiros
na linha do Leste, os argumentos avançados são a baixa procura/utilização do
serviço e uma exploração deficitária.
Impõe-se, contudo, dizer que a razão da baixa
procura na linha do Leste, se deve, sobretudo, à inexistência de uma
política pró-activa em prol da modernização desta via-férrea, por parte da REFER,
CP e do Governo que as tutela, de que enumeramos alguns exemplos:
- Horários inadequados à procura;
- Material de transporte obsoleto (lento,
ruidoso, pouco confortável, com elevado consumo de combustível e elevados
custos de manutenção);
- Via com estrutura envelhecida (apenas os carris
e travessas foram melhorados nalguns troços);
- Exploração assente em moldes arcaicos;
- Reduzida frequência de circulações;
- Ausência de transportes complementares que
favoreçam a intermodalidade e que actuem na procura e distribuição de
passageiros a nível local.
No que concerne ao ramal de Cáceres, este deve
ser potencializado e encarado como um eixo alternativo às actuais (e futuras)
ligações internacionais ferroviárias, que são escassas, permitindo a fluidez e
o aumento dos fluxos internacionais de mercadorias e de passageiros (a UE
pretende aumentá-las por questões económicas e ambientais). Acresce, por outro
lado, que este ramal pela beleza das suas paisagens e estações tem potencialidades
turísticas que deveriam ser aproveitadas e não anuladas.
Mais acrescentamos que:
- Estas vias-férreas são investimentos feitos no
passado que devem ser potencializados e não encerrados. Devem ser modernizadas
e colocadas ao serviço das populações e das economias regionais e nacionais;
- O transporte ferroviário promove a coesão
social e territorial;
- O transporte ferroviário deve ser instrumento
duma política de combate às assimetrias regionais;
- O transporte ferroviário pelas suas
características é um transporte ecológico e como tal deve estar ao serviço duma
política de mobilidade sustentável, que o Governo diz querer promover;
- O transporte rodoviário não é alternativa
porque mais moroso e menos seguro.
Num momento de crise económica e social, a que se
junta o elevado custo dos combustíveis e as portagens nas auto-estradas, a
supressão do serviço referido vem agravar o isolamento geográfico da região e
contribuir para o aumento das assimetrias regionais. O distrito de
Portalegre também é Portugal!
Em função do exposto, o GAFNA exige ao Governo
que anule a decisão de supressão do serviço regional ferroviário na linha do
Leste e o encerramento do ramal de Cáceres e exorta as autarquias da região
a participarem nesta luta em prol do transporte ferroviário e da mobilidade
sustentável”.
Beirã, 21 de Outubro de 2011
O GAFNA – Grupo de Amigos da Ferrovia Norte Alentejana
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