18 de novembro de 2011

Carta ao Governo da República Portuguesa
a favor das ligações ferroviárias
na Linha do Leste e no Ramal de Cáceres

Reunidas em Portalegre, dia 17 de Novembro, diversas organizações de Portugal e Espanha aprovaram uma Carta na qual pretendem sensibilizar o Governo português para a importância da manutenção das ligações ferroviárias no Norte Alentejano e Extremadura espanhola. Segue-se o respectivo texto na íntegra.
Carta ao Governo da República Portuguesa a favor das ligações ferroviárias na Linha do Leste e no Ramal de Cáceres
O Governo da República Portuguesa pretende, de acordo com o Plano Estratégico dos Transportes, suprimir as ligações regionais da Linha do Leste e encerrar o Ramal de Cáceres, que assegura actualmente a ligação entre Lisboa e Madrid.
Essa intenção é justificada pela baixa procura e utilização do serviço e uma exploração deficitária. Mas essa baixa procura deve-se, sobretudo, à inexistência de uma política pró-activa em prol da modernização desta via-férrea por parte da REFER e da CP. Como exemplos disso constatamos:
- Horários inadequados à procura;
- Material de transporte obsoleto, lento, ruidoso, pouco confortável, com elevado consumo de combustível e elevados custos de manutenção;
- Reduzida frequência de circulações;
- Ausência de transportes complementares que favoreçam a intermodalidade e que actuem na procura e distribuição de passageiros a nível local.
No que concerne ao Ramal de Cáceres, este deveria ser potenciado e encarado como um eixo alternativo às actuais (e futuras) ligações internacionais ferroviárias, que são escassas, permitindo a fluidez e o aumento dos fluxos internacionais de mercadorias e de passageiros (a União Europeia pretende aumentá-las por questões económicas e ambientais). Acresce, por outro lado, que este Ramal, pela beleza das estações e das paisagens atravessadas, tem potencialidades turísticas que deveriam ser aproveitadas e não anuladas.
Acrescentamos ainda que:
- Estas vias-férreas são investimentos feitos no passado que devem ser potencializados e não encerrados. Deveriam ser modernizados e colocados ao serviço das populações regionais e nacionais, de um lado e do outro da fronteira,
- O transporte ferroviário estrutura o território e promove a coesão social e territorial;
- O transporte ferroviário deve ser um instrumento de uma política de combate às assimetrias regionais;
- O transporte ferroviário pelas suas características é um transporte ecológico e como tal deve estar ao serviço duma política de mobilidade sustentável;
- O transporte rodoviário não é alternativa porque mais moroso, mais oneroso e menos seguro, com elevados custos ambientais e contribuindo também para a nossa dependência energética do exterior.
Num momento de crise económica e social, a que se junta o elevado custo dos combustíveis, a supressão do serviço referido vem agravar o isolamento geográfico das regiões do distrito de Portalegre e da Extremadura espanhola e contribuir para as assimetrias regionais.
As organizações subscritoras desta carta lançam um apelo para que o Governo da República Portuguesa reconsidere a decisão de suprimir as ligações regionais na Linha do Leste e encerrar o Ramal de Cáceres, e que mantenha esses serviços em funcionamento.
As organizações subscritoras estão disponíveis para dialogar e negociar, no sentido de encontrar uma solução que satisfaça todas as partes interessadas.
Portalegre, 17 de Novembro de 2011
- ADENEX - Asociación para la Defensa de la Naturaleza y los Recursos de Extremadura;
- Associação Portalegre em Transição;
- CCOO, Comissiones Obreras;
- CGT, Confederación General del Trabajo, Sección Sindical Sindicato Federal Ferroviario - CGT Cáceres;
- Comissão de Trabalhadores da CP – Comboios de Portugal EPE;
- Ecologistas en Acción de Extremadura;
- GAFNA - Grupo dos Amigos da Ferrovia do Norte Alentejano;
- Município do Crato;
- Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário CGTP-IN;
- Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza;
- União dos Sindicatos do Norte Alentejano/CGTP-IN;
- UGT-E, Unión General de Trabajadores – Extremadura.

Sem comentários: